Nasceu em Torres Vedras há sessenta e seis anos, de onde só sai para estudar, em Lisboa, ou para a vida militar, que o leva até ao norte de Moçambique, trinta e oito anos atrás.
Carlos Feliciano é um empresário torriense, mas é a sua faceta social e associativa que o torna uma pessoa muito querida na sociedade em que se insere. Causas como Grémio, Física, Associações de Pais, ARD Assenta, Centro Comunitário ou Rotary, entre outras, sempre o acompanharam ao longo da vida e nunca recusou “ter o prazer” de poder fazer algo pelos outros, sempre que o desafio surgia.
Festa – O Carlos Feliciano é mesmo de Torres Vedras?
Carlos Feliciano - Sim, nasci em Torres, cesci e estudei aqui, tive uma juventude e adolescência felizes, e só saí para estudar em Lisboa, primeiro, e para ir cumprir o serviço militar depois, como acontecia com todos os jovens na época, tendo-me “calhado” Moçambique, sem perceber muito bem o que lá estava a fazer, mas teve que ser...
Festa – O serviço militar, foi complicado?
C. Feliciano - Era jovem, tinha um curso a meio, e de um momento para o outro vejo-me no norte de Moçambique, com uma arma na mão a assaltar uma base.
Isso leva-nos a pensar muitas coisas e muitas vezes pensei que não regressaria, são situações difíceis que nos colocam a meditar sobre qual é o sentido da vida.
Festa – Tudo corre bem e dá-se o regresso?
C. Feliciano - Dois anos depois volto e venho trabalhar com o meu pai, que tinha uma fábrica de estores na altura. Os estudos ficaram a meio, porque quando vou para recomeçar, o curso que era de construção civil e minas passa a ser só de construção e foi uma confusão danada. Não era fácil passar de um curso para outro na altura.
Festa – Mas deixa os estores e surge a grande paixão profissional de uma vida. Os seguros?
C. Feliciano - O meu pai adoece e vem a falecer e uns primos meus entretanto ficaram com a fábrica. Em 1978 vou para os seguros, para a Garantia Funchalense, que é nacionalizada, passo para Tranquilidade primeiro e acabo na Europeia em 1982, embora já tivesse carteira de mediador fizesse uns seguros de vida mesmo antes de ir para a tropa.
Festa – Na Europeia que começa a “subir” nos seguros?
C. Feliciano - A companhia, em Torres, por essa altura cresce de uma forma extraordinária, o que foi bom para mim e para todos nós.
Festa – Mas vem a ser na Liberty que atinge o “auge”?
C. Feliciano - É com muito orgulho que recordo em especial o período entre 1992 e 2011, em que fui gerente da companhia na região e chego a ser responsável pelo distrito de Santarém. Para além do dinheiro, pessoalmente era trabalhoso mas muito motivador.
Festa – Porque sai da Liberty?
C. Feliciano - Aposentei-me e acabo por montar o meu próprio negócio na área, a Decidaqui, com a minha filha mais velha, que trabalha comigo, e felizmente as coisas continuam a correr bastante bem.
Festa – A par de tudo isto, o Carlos Feliciano sempre esteve muito ligado a missões voluntárias?
C. Feliciano - É verdade, a parte social sempre representou muito para mim, pessoalmente. Aliás, tenho um lema, que é: “quanto mais dou mais tenho”. Para ganhar dinheiro temos o trabalho, estas coisas são para servir e para sermos úteis à sociedade, dentro das nossas possibilidades.
Comecei ainda antes de ir para a tropa, com um grupo de amigos, a fazer uma série de coisas no Grémio. Quando venho da tropa, aí sou convidado e entro para a direção da AE Física, com o Sr Francisco Paulo, embora seja mais voluntário para ajudar que para estar nas direções...
Festa – Pelo meio surge outra faceta associativa?
C. Feliciano - Foram as Associações de Pais, a que estive ligado mais de vinte anos, onde passei pela Creche do Povo, de que sou o sócio no 3 com muito orgulho, depois pela Básica da Conquinha e Escola São Gonçalo, recordando sempre a enorme cumplicidade que havia entre os pais e a vontade de servir que todos tinhamos.
Mas, pelo meio ainda acabei por me ver envolvido na direção da ARD Assenta, onde fui presidente e onde conseguimos deixar a associação como uma das primeiras na região a ter uma ambulância própria.
Revista Festa – Quando surge a verdadeira paixão pelos “Rotary”?
C. Feliciano - Entro em 1995. Foi uma causa em que trabalhámos muito e continuamos a trabalhar.
Passei um período em que fui inclusivé presidente do Rotary Club de Torres Vedras, em 1997, de que hoje não faço diretamente parte mas ao qual continuo muito ligado.
Revista Festa – O que é um rotário?
C. Feliciano - É um voluntário que dá de si e faz acontecer as coisas quando estas são necessárias, não tendo obrigatoriamente grandes capacidades económicas. É mais uma pessoa que procura soluções, entre a sociedade, para problemas que se coloquem.