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Carlos Moreira Araújo acaba de ver editado o seu décimo quarto livro: “Cidade Branca”

Carlos Moreira Araújo acaba de ver editado o seu décimo quarto livro: “Cidade Branca”

Carlos Moreira Araújo, nasceu em Runa, no concelho de Torres Vedras, iniciou os estudos na então vila, ruma a Lisboa mas é em Itália que se forma em informática industrial, nos anos setenta, porque o pai importava máquinas italianas, dessa área, e neces-sitava de alguém capacitado para lidar com as mesmas aqui, em Portugal. Estávamos na era em que os computadores ocupavam uma sala inteira, eram arrefecidos a água, trabalhavam sobre papel perfurado e tinham uns dez megabytes de capacidade.


Mas o gosto pela escrita já lhe tinha sido incutido antes, ainda no colégio particular em que estudou, em Queluz, onde era incutido aos alunos o gosto pelas artes, como teatro ou literatura, que o levou a enviar alguns textos para o então jornal “O Século” acabando por os ver publicados, na área juvenil, o que faz com que “lhe ganhasse o gosto” e o prazer pela escrita.
Acaba por passar alguns anos sem poder dedicar-se a essa paixão, devido aos estudos, à profissão e família, mas vai juntando imensos escritos e rascunhos, que o motivam a publicar o seu primeiro livro, ainda nos anos noventa do século passado.
Conversámos com Carlos M. Araújo, que acaba de ver editado o décimo quarto livro - Cidade Branca -, apresentado em Torres Vedras, na Papela-ria Livraria União, há poucos dias atrás e, para além de nos interessar o seu percurso literário, como é evidente, quisemos especialmente saber de que trata, de que se fala, qual o assunto deste novo livro e a quem se destina.


Revista Festa - Como ganha o gosto pela escrita?
Carlos Moreira Araújo -  Quando era novo estudei num colégio, o Almeida Garret, em Queluz, uma escola particular em que tinhamos diversas matérias que não era normal dar-se no ensino oficial. Uma delas era realmente a literatura.
Também por essa altura, o jornal “O Século” tinha um espaço, no seu interior, que se chamava “O Juvenil” e comecei a mandar uns textos para lá, umas vezes publicavam ouras não, mas acabou por ser engraçado e motivador, ficando ali qualquer coisa que me aproximou da escrita.

Festa - Mas mesmo assim não continua a escrever regularmente?
Carlos M. Araújo - Estive muito tempo sem escrever, pois, vieram os estudos, o trabalho, a família e foi impossível continuar com a escrita, embora fosse sempre fazendo umas notas, anexos e pequenos textos, que guardava, para o caso de algum dia querer fazer alguma coisa mais consistente.

Festa - Essa forma mais consistente só surge já no final dos anos noventa?
Carlos M. Araújo - Foi já em 1998 que acabei por publicar o meu primeiro livro. Quer esse quer os seguintes sempre ficcionais, não representando nada que tenha experimentado ou vivido. Poderão ter algumas bases históricas mas sempre verdadeiramente histórias de ficção.

Festa - Qual o título desse primeiro livro?
Carlos M. Araújo - “Uma Sombra no Cristal”, um enredo supostamente passado em África e editado pelas publicações Quipu.
Depois de ter entregue o manuscrito a diversas editoras, existentes à época, que não aceitaram publicar, acabou por ser o  professor Eduardo Amarante, dono dessa pequena editora, a ligar-me dizendo que queria falar comigo, pois ia publicar o meu livro.

Festa - Achamos esse, como os treze livros seguintes, muito descritivos. É verdade?
Carlos M. Araújo - Têm, em particular, muito discurso direto, muitos protagonistas, mas também a parte descritiva suficiente, para conseguir colocar o leitor por “dentro” dos livros, fazendo com que “vivam” o livro, se possível sentindo algumas das emoções que possa procurar transmitir.
No fundo escrevemos para alguém, o leitor, que vai apreciar o livro, o nosso trabalho e depois transmitir-nos a sua opinião sobre aquilo que leu. Se conseguirmos embrenhar o leitor na história certamente que este vai ler com mais entusiasmo.

Festa - Que escreve de seguida?
Carlos M. Araújo - Pouco depois publico “Papagaios de Papel”, uma história que gira à volta da trissomia vinte e um, em especial da relação dos pais com essa ‘novidade’ infeliz que não esperavam. Também ainda no final dos anos noventa edito “O Infiel”, uma história passada em torno da primeira cruzada e de um personagem que a integrou, com o deserto pelo meio, a chegada a Israel e o regresso à família. Quase de seguida sai “O Escolhido”, como que uma antevisão daquilo que vai acontecer uns anos depois, com a religião como tema e as piores interpretações que se podem fazer em torno da mesma.


Festa - Sabemos que já neste século edita o “Monte de Espíritos”. De que trata?
Carlos M. Araújo - Sim, já foi editado em 2003. É a história de uma família romana, aí para os anos 2 AC, na altura das convulsões que à época tiveram lugar em Roma, e passa-se em redor de uma família que tem que emigrar, aqui para a Lusitânia. Este já foi uma edição da Fronteira do Caos, uma editora do norte que me contatou na altura e também foi o livro que mais vendeu, chegando a estar nos top’s das principais livrarias.

Festa - Pelo meio edita um livro que considera muito especial, até por se tratar da sua terra natal?
Carlos M. Araújo - Sim, é o “Runa La Belle”, sobre uma localidade com uma carisma muito especial que ainda hoje perdura, até pelo Palácio mandado construir pela princesa Maria Benedita. Trata-se de pequenos excertos de ditos e de coisas que foram acontecendo, documentados com ilustrações que permitem compre-ender melhor do que se está a tratar. É o único livro que tenho com ilustrações mas achei que fazia todo o sentido.
Embora antes ainda tenha escrito um livro com os Açores como foco: “A Décima Ilha”, que conta uma história em torno da lenda da Atlântida, seguindo uma das versões existentes de que a Cidade Perdida poderia ter existido entre os Açores e as Canárias. No livro, faço renascer essa teoria. Trata-se de uma história em torno de uma expedição submarina em busca da Atlântida que, claro, na estória é encontrada. Assim como o “Paraíso Perverso”, em torno de uma paisagem paradisíaca, mas cheia de enganos e problemas em redor de um suposto acidente de avião e de um protagonista.

Festa - “Longo é o Deserto” também surge por essa altura?
Carlos M. Araújo - É um livro baseado numa história relacionada com o roubo de automóveis na Europa, que são enviados para o norte de África, com pessoas a ser envolvidas por arrastamento, com o enredo em redor de uma personagem principal, cheia de encontros e desencontros.

Festa - “Estrada Minha” é um dos últimos livros seus a ser editados?
Carlos M. Araújo - Foi em 2023, pelas edições Astrolábio, trata-se da história de uma família alentejana cujos filhos, devido às dificuldades de emprego, decidem fazer a Estrada 66 nos Estados Unidos e aprender com tudo o que por lá vão vendo, na viagem. Regressam e abrem um restaurante muito especial, em Beja, baseando-se nas experiências e nos conhecimentos adquiridos nessa viagem.

Festa - Depois do sucesso alcançado, este ano lança o “Cidade Branca”. E dizemos lança porque entre esta nossa conversa e a saída da revista teve lugar uma apresentação muito especial em Torres Vedras, na Papelaria Livraria União. São cerca de quatrocentas páginas em torno de que assunto?
Carlos M. Araújo - É um livro e uma história bastante atuais. Vai falar-se de tecnologia, mineração de lítio, da relação entre ambas e do que supostamente nos irá acontecer se enveredarmos por esse caminho.
Tem o Filipe e a Helena como protagonistas, um casal que embora resida na cidade e não viva na região onde se pretende fazer a suposta exploração mineira, são detentores de terrenos, que herdaram, na zona da possível exploração sendo confrontados com uma oferta de muito dinheiro para vender as mesmas. São propriedades de família, mas as pressões são tantas que acabam por vendê-las.
Estamos a falar de tecnologia, economia ‘cinzenta’,  falando do futuro do planeta, mas onde também não há certezas de nada, tudo o que contém é pura ficção.

Festa - É fácil ler o “Cidade Branca”?
Carlos M. Araújo - Muito fácil. Está muito fluído, nada denso, num discurso direto em que o leitor facilmente se embranha nas personagens e na história. Entra-se muito facilmente no livro e com muita facilidade se entende o que se está a passar e o que vai passar-se acabando por, penso eu, tornar-se uma leitura de certa forma viciante.

Festa - Tem boas expectativas para o novo livro?
Carlos M. Araújo - Penso que sim. Se a aceitação pelos leitores for semelhante aos livros anteriores que publiquei já será muito bom e já valeu a pena escreve-lo. Pessoalmente estou convicto de que vai correr bem…

Festa - Tem outras obras para além destes livros editados?
Carlos M. Araújo - Coisas mais breves, como alguns textos para teatro e histórias para banda desenhada, que escrevi durante alguns anos para uma revista que já não se edita, a Duas Rodas.

Festa - Os seus livros, em especial o “Cidade Branca”, são boas histórias para oferecer no Natal?
Carlos M. Araújo -  Embora já só seja possível encontrar nas livrarias os últimos livros editados, porque os primeiros estão esgotados, acho que será sempre um presente muito interessante, em especial para ser oferecido a quem goste de uma boa história e tenha interesse na leitura. Podem adquiri-los através das plataformas das principais livrarias ou mesmo aqui, em Torres Vedras, na Livraria União, onde ainda existem algumas das edições mais recentes.


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