Baseamo-nos na música sertaneja portuguesa, com muita influência no Brasil e adaptação a Portugal, porque achamos que são duas coisas que se conjugam muito bem em termos de sonoridade e ainda com algumas entradas pelo country music. Temos as nossas letras, o nosso cunho musical e muitas influências de outras passagens minhas pela música, como baterista que fui durante algum tempo e que se situavam muito nessas áreas.
No fundo, os Doce D’Mel são uma banda com músicas, e temas, muito dançáveis.
Festa - Quantas pessoas estão envolvidas no projeto?
Pedro Cunha - Quando decidimos formar a banda, convidei o Patrick Rego, que é teclista, com quem iniciei o projeto. Nessa altura, fizémos um ensaio de três horas e fomos tocar logo nesse dia à noite, porque já havia um convite.
Mais tarde convidámos o Carlos Magalhães, um exelente guitarrista que estava noutro projeto e que nos veio trazer ainda mais qualidade e responsabilidade. Foi ele que ficou responsável por encontrar os restantes elementos da banda e hoje somos uma banda formada por seis elementos com duas bailarinas. Um projeto que começou como uma “brincadeira” e se tornou numa coisa “séria”.
Festa - “Doce D’Mel” porquê?
Pedro Cunha - Eu vinha de um projeto que se chamava “Canela e Mel” que trabalhava com a “País Real” e, na altura, o Páquito pediu-me para que não fugissemos muito a esse registo de nome, por questões editoriais.
Andámos em redor desses dois nomes até que, talvez porque gosto pouco de canela e não muito de mel (sorriso) acabámos por nos ficar pelo “doce”... os “Doce D’Mel”.
Festa - São uma banda “do norte”?
Pedro Cunha - Exatamente. Somos sedeados em Paços de Ferreira, embora o Patrick seja de Vila Real e o Carlos Magalhães e o Cláudio são da zona do Porto e eu e o nosso baixista, somos de Paços de Ferreira.
Festa - Como tem sido a pandemia para a banda?
Pedro Cunha - Nem tudo foi mau.
É engraçado pois quando lançámos o primeiro cd deste projeto, o “Renovação”, fomos numa quarta-feira à “País Real” com o nosso manager, o Fernando Loureiro, buscar os cd’s ao Montijo, com aquela alegria toda de termos o primeiro trabalho “cá fora” e quatro dias depois estão a telefonar-nos de um local onde tinhamos um espetáculo marcado a dizer-nos “não sabemos muito bem ainda o que se passa mas não estão a deixar abrir, não sabemos muito bem ainda o que se passa mas vamos ter que adiar o espetáculo para outra data”. Desde então fomos obrigados, como todos os nossos outros colegas, a parar até agora.
A pandemia, como nos obrigou a estar parados em termos de espetáculos, serviu para produzir e gravar mais um EP com cinco músicas nossas, o “Cowboy do Asfalto”, que temos vindo a apresentar nas televisões e rádios nestas últimas semanas e que anteced o segundo cd lá para final do ano, se a pandemia assim o permitir.
No fundo, a pandemia fez-nos começar aos pouquinhos, aos soluços, mas acredito que acabamos por chegar a “bom porto”.
Festa - O que acham que a pandemia vos vai deixar fazer?
Pedro Cunha - Não sei, muito sinceramente, mas mesmo que ela não nos deixe fazer muito nós vamos fazer, ou não fossemos “homens do norte”...
Mas já nos permite fazer algumas coisa, como é este caso em que atuamos, embora em formato reduzido, aqui em Torres Vedras, onde o amigo Campos, que trabalha com imensos artistas de música portuguesa nos brindou com a oferta da sua deslocação e a presença do seu som e luzes ou como é o caso das rádios e das televisões que nos têm dado muita atenção e onde temos estado presentes com alguma regularidade nestes últimos dias.
Festa - É normal ter-se “ofertas” destas, como o vosso amigo Campos vos fez desta vez?
Pedro Cunha - Felizmente que sim, mas só possível devido à pademia e à “fome de trabalho” que todos temos, artistas, empresários, homens do som e luzes, etc. A música, e este meio, é como um círculo em que todos precisamos uns dos outros. Hoje uns, amanhã outros. isto é uma prova disso mesmo, em que mesmo estando a trezentos e muitos quilómetros de casa, estamos aqui com toda a logística como se fossemos fazer uma festa com a banda ao redor de casa. Claro que também é uma amostra da logística que este amigo tem mas que permite ter uma dignidade diferente para o trabalho dos músicos.
Festa - Qual o “feedback” que estão a ter com este novo trabalho “Cowboy do Asfalto”?
Pedro Cunha - Para que se perceba, raramente se faz televisão dois fins-de-semana seguidos, em especial para os artistas do norte. Fomos no passado fim-de-semana à televisão e recebemos desde logo o convite para estar neste também. As coisa estão a correr bem e sinto que estamos a ser bem recebidos, os contactos têm sido pedidos, o nosso manager já está no “mercado” de novo e já nos tem colocado ou agendado trabalho. Esperemos agora que a pandemia não volte a atrasar-nos, pois sinto que estamos a ter uma boa recetividade por parte das pessoas e das comissões de festas, até por termos uma música que convida a dançar e as próprias pessoas estão ávidas de se divertir, de poder ir a uma festa ou romaria, de dançar...
Festa - De que tipo de trabalho estamos a falar neste “Cowboy do Asfalto”?
Pedro Cunha - São cinco temas que pensámos e repensámos, pois tinhamos tempo para isso, infelizmente, mas que representa mesmo aquilo que queríamos, pois esta é a identidade da banda e quem “comprar” “Doce D’Mel” é isso mesmo que vai ter... três horas de espetáculo, com um bom cenário, com ótimo som e luz, com muita animação e muita música para dançar.
Festa - Uma mensagem especial?
Pedro Cunha - Não posso deixar de agradecer, mesmo vivendo os tempos que vivemos e passando o que todos passámos, as inúmeras palavras e gestos de carinho e incentivo que diariamente vamos recebendo. Isso tem sido muito importante para nós, pois faz-nos acreditar que estamos no caminho certo e que as pessoas estão a gostar de nós. Por nós tudo faremos para corresponder.
Um obrigado muito grande do fundo do coração!