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José Bernardo. Aproveitámos a Festa das Adiafas para conversar com o  presidente da Câmara Municipal do Cadaval sobre o evento

José Bernardo. Aproveitámos a Festa das Adiafas para conversar com o presidente da Câmara Municipal do Cadaval sobre o evento

Estivemos na Festa das Adiafas e Festival Nacional do Vinho Leve que decorreu no Cadaval, atraídos pelas exposições, tasquinhas e imensos espetáculos de entrada gratuita que por esta vila, situada mais a norte do distrito de Lisboa, decorreram.
Na ocasião, conversámos com José Bernardo Nunes, o presidente da autarquia do Cadaval, sobre o evento, de que deixamos agora um breve excerto.


Festa - Estamos no recinto da Festa das Adiafas. É já uma tradição do Cadaval e da região?
José Bernardo - É verdade, estamos na 24ª edição da Festa das Adiafas e 20ª edição do Festival Nacional dos Vinhos Leves.

Festa - O evento já passou por diversos espaços desde o seu início...
José Bernardo - A Festa das Adiafas neste formato iniciou-se há 26 anos, começando a ganhar forma nos Bombeiros do Cadaval. O espaço era pequeno e passou para o largo da Adega Cooperativa, passando a realizar-se dentro de tendas que a Câmara alugava para esse efeito, mas as condições climatéricas que normalmente se verificam por esta altura do ano não eram as mais propícias, nem as exigências legais que passaram a existir para um evento com “tasquinhas” eram fáceis de ultrapassar. Para além disso o aluguer das tendas tinham um custo de mais de vinte e cinco mil euros, acrescidos de um esforço enorme por parte dos funcionários do município na sua montagem e desmontagem, pelo que a autarquia decidiu-se pela construção, aqui neste espaço à entrada da vila, de um pavilhão de exposições para o evento, que também servisse para outras atividades, sempre com o intuito de o ir pagando ao longo de meia dúzia de anos com o valor que se poupava nesse aluguer.
Acontece que estas coisas por vezes não são tão fáceis como desejaríamos e depois de termos avançado com a obra, e irmos pagando ao empreiteiro as tranches acordadas, só acabámos por receber ‘luz verde’ do Tribunal de Contas uns anos depois e nessa altura já devíamos pouco mais de cinquenta mil dos cento e cinquenta mil euros orçamentados para a construção, pelo que, enquanto inicialmente a ideia seria contrair um empréstimo para suportar a edificação do espaço, pelo valor em falta acabámos por ser nós, a Câmara Municipal, a pagar diretamente do orçamento a construção do espaço onde nos encontramos.

Festa - Ficaram com um espaço muito digno e prático para este tipo de eventos?
José Bernardo - Julgamos que sim, mas dos mil metros iniciais entretanto já fomos fazendo alguns melhoramentos e hoje temos quase o dobro desse espaço coberto e com condições, por exemplo, para conseguir ter doze “tasquinhas” de Associações a funcionar com todas as normas exigidas e com uma comodidade muito boa para quem aqui vem e as frequenta nestes dias. Depois, também fomos empenhando os nossos meios na implementação de espaços exteriores de acesso e estacionamento ao ponto de atualmente quem aqui se desloca ter uma facilidade enorme para estacionar a sua viatura podendo fazê-lo com comodidade e segurança.

Festa - Os espaços de restauração são destinados só às Associações?
José Bernardo - Aqui só há Associações do concelho, que se socorrem de voluntários para poder servir toda esta gente que aqui acorre.
Os espaços, com cozinha equipada e cumprindo todos os requisitos legais, é entregue de forma gratuita às nossas Associações para que os possam explorar e dessa forma angariar as tais verbas que lhes vão permitir ajudar a fazer face às suas despesas associativas anuais.
Não posso deixar de referir que, por um estudo que fizemos, a mais valia que as Associações retiram deste evento é superior ao valor que a própria Câmara investe no mesmo, pelo que até nesse aspeto julgo ter sido uma opção muito sensata esta nossa decisão de construirmos o espaço e o dotarmos de todas as condições para o evento.

Festa - Qual o orçamento, ou o custo, deste evento?
José Bernardo - Temos um investimento próximo dos cem a cento e cinquenta mil euros, onde se inclui toda a organização e promoção das Festas. Espetáculos incluídos, claro.

Festa - Temos concelhos limítrofes que cobram bilhetes para aceder aos espetáculos que incluem nas suas festas. O Cadaval tem mantido as entradas gratuitas e acessíveis a toda a população, porque?
José Bernardo - Esta é a grande festa organizada pelo município e não tem qualquer fim lucrativo. O que se pretende é que seja completamente gratuito para que qualquer munícipe, ou visitante, que queira vir à nossa Festa não tenha o constrangimento de vir ou não por ter que pagar entrada.
Efetivamente a maior parte das pessoas que visitam as ‘Adiafas’ fazem-no para vir tomar uma refeição às Associações e pagar para vir jantar, ou almoçar, não acho que faça muito sentido.
Quanto aos espetáculos, que temos vindo a melhorar (este ano temos, para além de muitos outros: João Pedro Pais, Lucky Duckies ou a Orquestra Ligeira do Exército) a ideia é também muito essa, ou seja, a Câmara poder oferecer aos seus munícipes, às pessoas do Cadaval, pelo menos um espetáculo digno e gratuito de que eles possam desfrutar, com artistas de topo na sua própria terra. Pensamos que essa também é a nossa função, proporcionar bem-estar, algum divertimento e descompressão a todos os munícipes, sem qualquer constrangimento ou pressão no seu orçamento familiar. Depois, temos que considerar ainda que sem esses espetáculos tínhamos menos gente aqui, no centro de exposições Pavilhão João Francisco Ribeiro Corrêa, e essa gente vem também ajudar as nossas Associações.

Festa - Tudo vai terminar com o festival da Rainha das Adiafas. Esse evento é importante?
José Bernardo - Claro que sim.
Somos um dos principais concelhos produtores de vinho nacionais, muito especialmente de Vinho Leve, onde somos uma região de topo, com a agricultura, a fruticultura, a vinha e o vinho, a terem um peso muito importante na economia do concelho, pelo que o assinalar das Adiafas é muito importante para nós e para a nossa população.
A Rainha das Adiafas, com tudo o que isso representa para as nossas jovens, suas famílias e apoiantes dos diversos lugares do Cadaval, ganham um significado muito especial.
Mas não podemos deixar de assumir a enorme importância que tem Festival Nacional do Vinho Leve, pois, como referi, o nosso concelho do Cadaval é o principal, ou dos maiores, produtores de Vinho Leve do país. O vinho e a pera rocha são muito importantes para o Cadaval e as Adiafas são isso mesmo, a festa do culminar e o festejar as colheitas, quer das uvas, quer das peras ou maçãs.


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