O trajeto casa-escola-casa, que antes era feito a pé juntamente com os colegas, passou a ser feito de carro. As crianças quase nem têm tempo para brincar, apenas aqueles minutos que se conseguem encaixar na agenda, por entre as inúmeras atividades extracurriculares. Fora da escola, não os deixamos brincar ao ar livre e fechamo-los em casa, numa redoma almofadada dominada pelo poder sedutor e anestesiante dos ecrãs.

É inegável: as crianças brincam e mexem-se cada vez menos. O analfabetismo motor tornou-se um problema gravíssimo. Ao queremos superprotegê-las daquilo que entendemos ser perigoso, estamos a comprometer o seu desenvolvimento e a impedi-las de se tornarem adultos funcionais, tanto em termos físicos, como cognitivos.

Em Libertem as Crianças — A urgência de brincar e ser ativo, o professor Carlos Neto apresenta as estratégias para invertermos esta situação potencialmente catastrófica e devolvermos a magia da infância às crianças. Só assim poderemos ter adultos felizes e saudáveis. "A rua está em vias de extinção. Olhamos para a cidade e já não vemos crianças a brincar. Passeiam-se mais os cães do que as crianças." (declaração do autor ao Expresso, 6/04/2019).